Widget

Free Web Counter

System Of A Down: Entrevista completa de Shavo para revista francesa Bassiste

Por que essa separação?
Em primeiro lugar, eu aceitei essa separação dizendo para mim mesmo que permitiria à banda voltar mais forte; estamos juntos há 14 anos agora. Todo mundo está pensando que estamos separados agora, mas estamos apenas dando um tempo, como disse algumas vezes no Myspace, Facebook e Twitter. Queríamos voltar ano passado, mas havia conflito de agendas de alguns membros da banda. Eu nunca pensei que essa pausa duraria cinco anos, três anos no máximo... mas eu tinha só uma coisa a dizer: nós voltaríamos e estamos de volta!

Por que essa pausa então?
Demos um tempo para realizar projetos que queridos para nós; não tinha nada a ver com o amor que temos um pelo outro, mas o que fazemos não tem obrigatoriamente a ver com a banda! Nós amamos uns aos outros e uma entrevista minha foi publicada na revista Hustler que foi completamente distorcida. Mencionei os filhos da mãe ao meu redor, mas estava falando de caras da gravadora e não da banda! Os caras da banda entenderam, mas não o resto da imprensa.

Qual é a atmosfera nos ensaios?
Cinco vezes por semana, sendo um mês e meio com John e Daron. Serj juntou-se a nós há 3 semanas e imediatamente encontramos a química... Todos nós mudamos um pouquinho: não estou tão louco como antes, especialmente no palco. Não vou subir num palco de 4 metros e beber como antes. Você verá em cena um Shavo mais sério que antes e verá toda banda especialmente dedicada à sua música. Cada membro cresceu da sua própria maneira e quando nos encontramos, foi quase como uma nova banda: a mesma banda, mas com um novo sabor! Ninguém quer o grupo antigo: as pessoas querem os mesmos membros que fazem as coisas num jeito mais moderno... 

O que quer dizer com “moderno”?
Quero dizer que sem mais urros como o do Cookie Monster! Grunhidos o tempo todo, isso mudou! Como em “Know”, que escrevi em 1995, substituímos os gritos por partes cantadas. Está mais claro, mais adulto, nós crescemos! Faz mais sentido para o público geral e para os fanáticos. Não queremos que ninguém se sinta enganado, não mudamos tanto, mas se você quiser ouvir as mesmas músicas do mesmo grupo, é só comprar o CD! Ver-nos ao vivo, você ouvirá algo novo que pode agradar você...





Então você logo encontrou sua marca?
Vou ser sincero: finalizar as coisas com Daron e John não foi tão simples. “Quanto mais tempo, mais difícil é!”. Como no filme “O virgem de 40 anos”! Quanto mais você espera, mais difícil fica... Eu não tocava essas músicas há cinco anos. Sacudo muito a cabeça ouvindo meu iPod! Mas uma vez que começamos a tocar juntos, foi mágico... a única diferença é Serj: a voz dele está mais dramática, mais melódica.

Vocês já escreveram alguma música nova?
Não temos nenhuma música nova. Para se sincero, devemos acabar a turnê completamente antes de voltar a trabalhar em músicas novas. Já temos muito trabalho por enquanto: lançamos cinco álbuns e há cerca de 45 músicas que queremos tocar. Tocamos por duas horas, o que nos dá tempo para 30 músicas e é nosso maior problema: quais músicas podemos deixar de tocar? Como podemos deixar Bounce de fora? E Kill Rock‘n’Roll? E além de tudo, as músicas que nunca tocamos ao vivo e queremos apresentá-las ao público nessa nova turnê. Tentative, por exemplo! Esperem ser surpreendidos!

E o restante da equipe que segue vocês?
Há muitas músicas... Nossos ensaios duram quatro horas, sem contar com as vezes que nem triscamos nos instrumentos. Ensaiamos cerca de 50 músicas, dificultando a vida de nosso engenheiro de som e de luz! Eu escolhi a mesma equipe que faz a iluminação do Tool. Não quero que façam exatamente a mesma coisa, mas os escolhi porque fiquei completamente impressionado: vimos Tool em Los Angeles, foi incrível! Desde o primeiro show que fizemos, em 28 de maio de 1995 no Roxy de Los Angeles, fui ver o engenheiro de som e dei a ele uma folha em que anotei indicações ultra precisas para cada uma das sete músicas que tocamos. Ele me olhou como se eu fosse louco: “Você está brincando? Pensei que vocês usassem só uma cor”. Eu sempre fui muito ligado à produção da banda, desde os clipes até a iluminação.





Pode nos falar sobre seu projeto Achozen?
Sou eu e o RZA do Wu Tang, e nós tivemos a participação do John Frusciante do Red Hot Chili Peppers e do George Clinton. Faz dois anos que o álbum foi finalizado, mas não foi lançado porque recusei ofertas de gravadoras que querem fazer algo comercial para clubes. É hip hop, hip hop hardcore... Eu escolhi não fazer como Serj, Daron eJohn, que fizeram rock. Não me importo com dinheiro, estou disposto a fazer isso de graça, mas não vou fazer músicas para clubes! É um álbum muito importante para mim... Fiz todas as batidas e até escrevi algumas letras. Também produzi um grupo que vai surpreender enormemente vocês. Por enquanto é chamado de Chamaleon Conductor, mas o nome vai mudar, talvez. Esses garotos são a próxima geração de Hollywood! Eu os apadrinhei e finalmente encontramos um vocalista.

Isso faz você se sentir velho?
Sim... Para ser sincero com você, eu me vejo como a velha geração de Hollywood. Antes de nós, havia Motley Crüe, RATT, WASP. Daí a cena de Hollywood morreu. Ela retornou com Rage Against the Machine, Korn, Tool, System of a Down. Havia Snot, se Lynn Strait não tivesse morrido, eles seriam enormes. Depois disso, houve sem dúvida Godsmack, Disturbed e Linkin Park, mas eles ficaram comerciais. Não tenho nada negativo a dizer sobre o papel que eles escolheram: nós nunca tomamos esse caminho com o SOAD. Não nos vendemos, a única coisa mais comercial que fizemos foi permitir o uso da música “Lonely Day” no filme “Paranoia”. Os caras do Linkin Park são amigos do colegial, mas o SOAD parou quando estávamos no topo: não queríamos aquele sucesso que destrói.

De onde vem o nome Achozen?
Achozen são os 5% das pessoas do mundo que fazem coisas pelo bem dos outros e não apenas por si próprios. Eu trabalhei com crianças e me deram um prêmio por ter servido como mentor. Ajudei crianças com câncer... Acho que as crianças são o futuro e é por isso que decidi fazer algo diferente com o hip hop. Conheci RZA há 11 anos, ele se tornou meu melhor amigo e temos mais de cem músicas juntos. Quero selecionar umas vinte, ele me ensinou a fazer batidas e aprendi a tocar guitarra. Quero que as pessoas saibam que não sou apenas um baixista de metal!

Como o Achozen mudou o jeito que você toca no SOAD?
Comecei a tocar mais groovy, mais hip hop e quando começamos a tocar com o SOAD, isso nos deu um lado mais funky. Quando tocamos Cigaro, War?, Prison, essas músicas são sempre explosivas. Mas você sabe as partes mais calmas que temos no meio de algumas músicas? Essas partes são agora um pouco mais funky. RZA me ensinou a não tocar como as outras pessoas querem que eu toque, mas como eu mesmo sinto as músicas.







Clutch vai fazer abrir o show em Bercy...
Clutch é minha banda preferida, eles estavam lá antes do SOAD, durante e depois do SOAD. Se eles fizerem, estarei lá! Eles se ofereceram para fazer o nosso show de abertura e fiquei arrepiado! Claro que gostaríamos de fazer turnê com o Led Zeppelin, Deep Purple e Metallica, mas Clutch é uma banda que também deveria ser reconhecida! Quando descubri a banda, comprei os álbuns e ouvi em ordem cronológica, percebi que daquele ponto eles passaram por muitas metamorfoses para chegar onde estão. Várias bandas famosas dos anos 90 são inspiradas por eles e se tornaram grandes, mas eles nunca quiseram comprometer sua arte. Nossa primeira turnê em 1998 foi com Clutch e Slayer! Eu adoro essa banda... Quando ensaio com o System, começo fazendo jams com músicas do Clutch! As jams com guitarra não são lançadas, então eu aproveito a oportunidade!

As duas datas de shows em Bercy esgotaram-se em pouco tempo, você esperava isso? 
Eu não esperava nada disso, não sabia que isso aconteceria! Mas sei que a França sempre nos aceitou e tem sido boa para nós... Além do mais, a França foi o primeiro país a reconhecer oficialmente o Genocídio Armênio e não podemos deixar de lhes agradecer por entenderem nossa luta. Não queremos dinheiro, queremos simplesmente que nosso genocídio seja reconhecido.

Esses shows serão uma oportunidade para um público bem jovem vê-los pela primeira vez...
Eu acho isso incrível! Estou ansioso para que esses novos fãs nos vejam no palco. Essa garotada que tinha 12 ou 13 anos na época em que entramos em hiatus pode finalmente ver-nos ao vivo e temos que pensar também na composição do set-list! Quero que eles sintam a energia das primeiras músicas e nós tocaremos as duas partes de “Soldier Side” de uma só vez, nós nunca a tocamos inteira antes e definitivamente queremos tocá-la na França! Quero, além do mais, agradecer Solomon, nosso produtor na França desde o começo e ao público francês pela força.



Você sempre toca sua Gibson?
O pessoal da Gibson desenvolveu um modelo Gibson customizado excelente, a BeardBird, que oferece a cabeça e o corpo de um Thunderbird 76 com um braço de Jazz Bass. Tenho um killswitch nele, que estou usando desde que comecei a ser DJ.

E você a liga na sua Ashdown?
Eles fizeram um amplificador customizado chamado Shavo 1000. É uma versão aperfeiçoada da ABM 900 que faz qualquer lâmpada de 1000 W, com distorção e um noise gate (redutor de ruído). Antes eu usava quatro cabeças de 900, agora só preciso do Shavo 1000! Eu trabalho com a Ashdown e a Gibson porque são pessoas legais, não é uma questão de ser celebridade, trata-se de uma questão de modo de pensar. Estamos pensando num conjunto muito especial de pedais com a Ashdown: Dan, da Ashdown, achou minhas ideias interessantes e eu as pintarei, já que também pinto! Com pedais de chorus, flanger, overdrive e um fuzz inglês dos anos 70: o preço será razoável e haverá um segundo botão misterioso que fará algo que nenhum outro pedal faz! Eles serão para baixo, mas também para guitarra, já que toco guitarra desde que tinha 11 anos, enquanto que toco baixo desde que tinha 19 anos!





O que você tem a dizer sobre o rumor de que Daron gravou todas as linhas do baixo em Mezmerize e Hypnotize?
Eu já ouvi isso e é falso: eu gravei todas as linhas do baixo em 3 semanas. Mas este álbum duplo não foi feito como os anteriores. Se você ouvir “Attack”, “Lonely Day” e então “Forest”, pode ouvir claramente a diferença entre meu estilo de tocar baixo e o de Daron. Ele queria que eu seguisse as partes da guitarra dele mais de perto, mas me recusei. Eu queria tocar o que melhor se encaixasse na música. Então Daron refez minhas partes dobrando a guitarra quando eu não estava lá. Não era questão de eu não ser capaz de tocar, mas a ideia dele estar me dizendo como tocar depois de 15 anos nessa banda era insuportável. Ele não fez nas minhas costas, eu só disse a ele: “Se é o que você quer, então faça”. No fim das contas, ele mesclou nossas partes. Ao ouvir o álbum, consigo claramente dizer quem está tocando que partes e tenho certeza de que você também! As que soam com mais groove são minhas.

Então você preferiria que Daron tivesse adotado seu estilo nas músicas?
Quando escrevo uma música, eu penso na banda. Eu pensei em todos os membros da banda quando escrevi “Dreaming”. Quando escrevi “Mind” e “Sugar”, ainda não fazia assim e as escrevi só para mim. A segunda parte de “Sugar” (I sit... My desolate room) já estava escrita por Daron em sua banda anterior e nós mesclamos nossas duas partes. Eu escrevi “Toxicity” no meu quarto na casa de meus pais. Quando apresentei-a à banda, todos gostaram, mas deixamos de lado. Bem antes de finalizarmos o álbum, Daron disse: “Espere um pouco, lembram da música do Shavo?” e ele tocou-a. Tornou-se a música que deu o título ao álbum...

E finalmente, a pergunta obrigatória: haverá um álbum novo?
Nós só ficaremos juntos se estivermos felizes juntos. Se tudo correr bem, faremos um novo álbum! Torço para isso!

As linhas de baixo preferidas de Shavo!
Prison Song: Na parte em que Daron canta: “I buy my crack, my smack...”, faço um pequeno riff e tinha esquecido o quanto é importante nessa música, e como ela não seria a mesma sem essa linha.
Deer Dance: No verso em que Daron vai interagir com o público e não o faz: portanto eu fico como o único apoio harmônico para a voz.
Attack: Começa fazendo só aquela guitarra e no meio, eu começo uma linha hip-hop e graças ao Achozen é algo que se tornou muito mais natural para mim.
Bounce: Escrevi essa parte em 2000 quando ainda morava com meus pais, e a parte onde eles cantam “Down, Up, Bounce” me impressiona agora, coisa que não percebia na época.
Kill Rock’n’Roll: É bem divertida de tocar e se Daron não tivesse escrito essa música, eu a teria! É bem meu estilo...



Fonte: Site of a Down

0 comentários: