Após um hiatus de cinco anos, o System of a Down está pronto para voltar ao negócio sério de bangear
Ao ouvir o baterista John Dolmayan contar as coisas, vê-se que os últimos cinco anos tem sido bons para os membros do System of a Down. O grupo de metal muito respeitado pode ter ficado inativo, mas ele e seus colegas de banda – o vocalista Serj Tankian, o guitarrista Daron Malakian e o baixista Shavo Odadjian – não pararam um minuto por falta de trabalho.
Quando não estava afiando a sua já admirável habilidade no poker em torneios profissionais, Dolmayan se ocupou atrás da bateria com os projetos paralelos Scars On Broadway e Indicator. Ele também encontrou tempo para administrar uma empresa de coleção de quadrinhos que deu o maior lance de todos em 2009 pela edição do Action Comic original com a estreia do Superman (o preço? A bagatela de US$ 317.000).
O Scars On Broadway também tomaria um bom pedaço de tempo de Malakian. O guitarrista formou o projeto com Dolmayan, o que levou a um bem recebido álbum homônimo completo em 2008, com o qual a banda caiu na estrada. Odadjian, nesse meio tempo, abraçou seu iconoclasta interior ao se unir a RZA, fundador do Wu-Tang Clan, para o Achozen, uma parceria que levou-os à trilha sonora de Babylon A.D., com Vin Diesel.
O mais ocupado de todos era Tankian, que lançou dois álbuns solo selvagemente diferentes, Elect the Dead (2007) e Imperfect Harmonies (2010), o primeiro pesado o suficiente para a maioria das exigências dos headbangers com pensamento prospectivo; o segundo, uma reflexão meditativa, maravilhosamente sinfônica, inspirada pelas parcerias ao vivo anteriores do cantor com a Orquestra Filarmônica de Auckland. O frontman e líder do System também passaria muito de seu tempo ocioso conectando-se com a natureza na Nova Zelândia, onde mantém uma segunda residência.
Todas essas buscas foram boas e magníficas, mas falando de sua casa em Los Angeles, Dolmayan sugere que elas não constituíam nenhum substituto do que é tocar no System of a Down, que agora terminou oficialmente o hiatus e está em turnê novamente.
“Não me oponho a projetos paralelos e tal, mas no final das contas, essa é nossa banda”, diz o simpático baterista. “É nela em que as pessoas estão interessadas, o que as pessoas querem ouvir e é isso que eu quero tocar. Eu realmente gostei de fazer o álbum e turnê com o Scars, mas Scars é Scars. System of a Down é, na minha opinião, o verdadeiro amor de todos na banda – de nós quatro”.
Mesmo assim, o SOAD sabia que estava preparado para dar um tempo em 2006, quando a banda então com 12 anos, encerrou a turnê pelo lançamento duplo Mezmerize e Hypnotize. Alguém pode ter concluído que o System gastou toda sua carga criativa com esses discos, ambos recebendo crítica entusiásticas universais pela sua mistura hiper cinética de porrada respingada de arte, folk com rugido a jato e metalcore esquizofrênico. Dolmayan sugere que foi mais que ele e seu companheiros de banda acabaram percebendo que, por mais fantástico que a vida de rock star seja, há sempre um aspecto negativo.
“Você tem que entender que, quando está na estrada e no estúdio o tempo todo, é como viajar na velocidade de luz. Quando você volta, é como se 20 anos tivessem passado e você está apenas uma ou duas horas mais velho. Nós entrávamos em turnê e continuávamos os mesmo, mas quando voltávamos pra casa, as coisas tinham mudado. É perturbador – você se sente como se não tivesse mais raízes. Vive uma vida nômade e perde contato com pessoas porque elas cresceram longe de você. As pessoas envelhecem, se casam, morrem – a vida não pára, ainda está acontecendo”, ele diz.
E, caso tudo isso seja um pouco filosófico para você, Dolmayan está feliz em pôr em termos com que a média dos jogadores poderão se identificar.
“Há algumas coisas realmente incríveis em estar na estrada, mas também há muito de ficar sentado no ônibus, olhando para as paredes. Pode ficar muito chato. Quer dizer, você só pode ir em vários clubes de strip, cara”, ele diz.
Apesar disso, Dolmayan passou três anos insistindo seus companheiros de banda a acabar com o hiatus. Se levou mais tempo do que ele gostaria para conseguir o que queria, isso não deveria ter sido uma surpresa.
“Não há nenhuma personalidade na banda que possa ser pressionado a fazer algo que não queira. Nós somos quatro indivíduos muito fortes", Dolmayan aponta.
Isso pode explicar por que o SOAD estava pronto para o intervalo desde que foi anunciado.
“Nós todos temos nossos momentos. Todos temos nossa idiossincrasias e coisas que nos irritam pra caramba. Algumas coisas do Serj me irrita e tenho certeza que algumas das minhas coisas enchem o saco dele. Isso é natural. Você está num relacionamento quando está numa banda. Vocês estão fazendo música juntos, estão na estrada juntos e ficam muito uns com os outros. Mas olhe para nós – estamos juntos há mais tempo do que a maioria dos casamentos dura”, o baterista diz.
“E uma banda é como um casamento, com exceção de que você não tem uma dor de cabeça, você tem de três a quatro dores de cabeça e, além de tudo isso, cada um tendo outra pessoa que influencia cada membro. É quase como um congresso, há tanta gente envolvida. No fim das contas, entretanto, nós tomamos as decisões porque nós somos a banda. Nossas relações estão todas intactas e sempre nos divertimos muito juntos. Outro dia demoramos 20 minutos para começar um ensaio porque estávamos todos ocupados demais rindo. Nem me lembro o que achamos tão engraçado, mas é um sinal de que não levamos as coisas a sério demais. Nós gostamos de simplesmente ir lá e tocar”, Dolmayan continua.
E é a ideia de ir lá e tocar que deixou Dolmayan eufórico em retornar à estrada com o System of a Down. De forma impressionante, o que o deixa mais animado é a única coisa que o Scars On Broadway e o Indicator foram incapazes de trazer, especialmente a chance de conectar-se com os fãs que fizeram o SOAD um dos mais respeitados nomes no metal. Muitos artistas gostam de alegar que não são nada sem as pessoas que aparecem em seus shows. Dolmayan, entretanto, realmente parece falar sério, a ponto de sugerir que o retorno do System of a Down à ação será definida pela reação daqueles que estão esperançosamente animados em ter a banda de volta.
“Nós não tocamos por um bom tempo, então claro que temos algum foto agora. Mas geralmente, se você está tocando por um longo tempo e está em turnê por um ano mais ou menos, você toca quase que as mesmas músicas todas as noites. Então o que as fazem diferentes? É o público – quanto mais loucos eles são, mais enlouquecidos seremos”.
In + out
John Dolmayan expressa sua opinião sobre coisas que mentes questionantes querem saber.
Sobre tocar com o SOAD:
“Apesar de estarmos tocando em outros projetos nos últimos cinco anos, não é a mesma coisa que tocar com o System. O System exige muito de você. É muito exaustivo fisicamente”.
Sobre o tempo ocioso:
“Eu pessoalemente não gosto de intervalos – eu gosto de continuar tocando. Mas foi bom parar e ser o John Dolmayan, ao invés do John do System, por um tempo. Acho que todos tiveram sentimentos semelhantes”.
Sobre opções de carreira perdidas:
“Se você pensar nisso, ser atleta é bem legal. Se eu fosse fazer outra coisa, acho que iria querer jogar futebol [americano]. Exceto que você precisa de talento e altura e destreza e tudo aquilo, o que eu obviamente não tenho”.
Fonte: Site of a Down
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